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Conferências do Estoril 2015: A democracia está em crise?

“A Caleidoscópio da Democracia” e “Repensar a Governação e a Democracia para a Economia Digital” lançaram o debate na manhã do último dia da quarta edição das Conferências do Estoril. No primeiro painel, se Rickard Falkvinge, fundador do primeiro partido pirata, foi a voz polémica na defesa da “geração Internet”, os outros oradores, Christopher Walker, Eusebio Mujal-Leon e Eduardo Cunha, foram unânimes em alertar para a crise que os sistemas democráticos estão a atravessar, na última década.

"A democracia tem por base a regra da maioria. A democracia é três lobos e uma ovelha a votarem no que é que vai ser o jantar" lançou a voz polémica de Rickard Falkvinge num debate com tanto de inspirador como de algum pessimismo. Isto porque, na opinião dos oradores presentes assiste-se a um abrandamento da democracia, depois de, após a queda do Muro de Berlim, terem surgido novos sistemas democráticos no mundo.


A ameaça das liberdades civis, a crise de confiança nas instituições democráticas, a captura da sociedade civil pelo estado e o ressurgimento do autoritarismo em países com jovens democracias foram apontadas como as principais ameaças atuais à democracia.


"Há uma divisão clara na sociedade entre aqueles que nasceram antes da internet – a geração offline – e aqueles que nasceram com as redes sociais – a geração internet", salientou Rickard Falkvinge que é contra a opinião generalizada de que os jovens não se interessam pelos problemas da sociedade civil nem pela política "Nunca houve uma geração mais interessada e ativa e mais disposta a participar como a "geração internet", só que os jovens de hoje não estão interessadas nos problemas que afligem a "geração offline" que têm a ver com cuidados de saúde, subsídios ou pensões de reforma. A "geração internet" está muito mais preocupada com a defesa das liberdades cívicas, os direitos das minorias ou o direito à privacidade e a pegada individual que fica registada na internet para sempre."


A crise da democracia e a necessidade de se reinventar os sistemas de governo na era da economia digital foram o foco da intervenção de Don Tapscott que subiu pela segunda vez ao palco nesta quarta edição das Conferências do Estoril. O autor de "Wikinomics" defendeu a necessidade de uma reinvenção da democracia e dos modelos de governação face às grandes mudanças que estão a ocorrer em tempo record. "Apesar da revolução tecnológica e das mudanças verificadas na sociedade a governação continua a reger-se por modelos da era industrial" afirmou Taspcott que acrescentou " A abstenção crescente que se verifica nos países onde a democracia está consolidada conduz-nos ao problema de falta de legitimidade dos governos e ao enfraquecimento das instituições democráticas".


O criador de "Grow Up Digital" afirmou mesmo que " No mundo inteiro os jovens questionam a democracia porque esta é uma geração ativa que nada tem a ver com a geração dos seus pais que eram recetores passivos da televisão. A geração atual que cresceu com a internet quer protagonismo e envolvimento e não se interessa por um sistema de governação que só os chame a votar de 4 em 4 anos e que durante esse período os faça recetáculos passivos, sem qualquer poder de decisão." Don Tapscott alertou mesmo para o perigo de poder haver grandes explosões sociais lideradas pelos jovens que contestam os atuais sistemas de democracia representativa que não responde aos seus problemas: " A solução para a resolução dos problemas globais passa por criarmos um novo nível de consciência social que trabalhe em plataformas ligadas em rede e que envolvam várias parcerias com governos, instituições internacionais, universidades, centros de investigação e que envolva toda a sociedade civil."


Ainda da parte da manhã, a globalização da China e a forma como esta está a desafiar a ordem internacional criada depois da segunda guerra pelos Estados Unidos da América foi o tema da intervenção de Xiang Bing, professor da Graduate School of Business de Cheung Kong (Hong Kong). " A China é cada vez mais global no primeiro e no terceiro mundo" garantiu Xiang Bing que acrescentou " A China está a levar a alta tecnologia do primeiro mundo para o terceiro mundo, através de cópias baratas acessíveis às populações. Para além disso está a criar infraestruturas nesses países estabelecendo novos canais de comércio". Mas, o papel da China não se resume à globalização no terceiro mundo segundo Xiang Bing : " A China está a sair das suas fronteiras e a expandir-se para o mundo desenvolvido. Há muitos chineses com dinheiro, vontade e ambição que querem ocupar um lugar nas 50 cidades mais atraentes do mundo para se viver e os seus filhos irão ocupar as melhores escolas e universidades existentes."

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