João de Melo, Ana Margarida de Carvalho, Ondjaki, João Ricardo Pedro juntaram-se no auditório da Casa das Histórias Paula Rego. Moderada por Ana Sousa Dias, a conversa de escritores no âmbito do FIC – Festival Internacional de Cultura, debruçou-se sobre o reconhecimento das obras literárias e os seus autores.
De que forma um livro, um prémio, um encontro pode mudar a vida de alguém? E qual a importância das distinções literárias e da crítica? Questões merecedoras de respostas diversas num debate em jeito de conversa.
“Quando escrevo, a intenção não é que reconheçam que sou eu, mas, efetivamente, as pessoas dizem-me isso!”, assumiu a prestigiada jornalista Ana Margarida, também autora do romance “Que Importa a Fúria do Mar”.
Para João Ricardo Pedro, vencedor do Prémio Leya 2011, o melhor de tudo é “escrever” e “a satisfação que dá” embora “o reconhecimento (até no Metro) seja muito bom”.
Questionado sobre a crítica, João de Melo é mais radical: “não há nada, nem nenhuma estrelinha, que avalie o trabalho da escrita. Mas eu leio as críticas que fazem sobre mim”.
Sem procurar uma linguagem concreta que defina o seu estilo e percurso enquanto autor, e admitindo a interferência das questões culturais, Ondjaki, reconhecido escritor angolano, considerou que o que as pessoas mais identificam na sua literatura é “a linguagem angolana”.
Sobre o mesmo assunto João Ricardo garantiu “não interessar de onde os escritores são. O que interessa é o que escrevem”. Uma opinião partilhada por João de Melo, natural da ilha dos Açores, para quem “a literatura pode fazer de uma ilha um continente, mas também pode fazer o contrário”.
A importância de ler as obras de outros autores foi consensual a todos os autores e bem explicada por João de Melo: “sou um leitor assíduo dos outros para manter o meu próprio mundo, a minha linguagem”.