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Um lugar ao sol

Desde que me conheço que as ciências sociais e em particular a psicologia são a minha escolha profissional. Durante o curso em psicologia, para além de trabalhar paralelamente em diversas áreas, comecei com o voluntariado na minha área. Achei que seria uma mais-valia começar o contacto com a realidade…
Terminado o curso e portanto o estágio curricular, chega o estágio da Ordem dos Psicólogos Portugueses (etapa necessária para o exercício da profissão). Apesar de muita procura, não consegui encontrar um estágio remunerado. Restou-me (e porque com dificuldades, mas podia) aceitar um ano de trabalho sem vencimento. Com algumas expectativas que findo esse ano, algo podia acontecer naquela instituição, a minha esperança sempre foi a última a morrer. Mas não aconteceu…
 
Reiniciada a luta na procura de emprego na área, surge a possibilidade de iniciar um estágio profissional (mais um, mas desta vez remunerado) numa instituição pertinho de mim. Espetacular! Porque quis, comecei como voluntária enquanto o processo andava e não andava. Passados seis meses eis que chega a resposta: “indeferido”. “Ou não, estive seis meses à espera, a trabalhar pro bono e agora não posso fazer o estágio?? - Disse eu. “Next” - Pensei eu novamente - Continuei com o voluntariado… Achei que seria outra mais-valia manter-me “no ativo” e porque trabalhar, é na minha perspetiva um hábito saudável. Houve uma altura que colecionava diferentes trabalhos como voluntária, sempre na busca ativa de emprego, entrevistas, concursos públicos, forças armadas, candidaturas para o país inteiro, etc. Penso que só me escapou (intencionalmente) o estrangeiro. Paralelamente a esta corrida, fui dando algumas formações remuneradas (pontuais) e várias ações de sensibilização acerca de temas da psicologia que me fui debruçando.
 
E não é que finalmente, passados uns meses, surge outro trabalho, perto de mim?! Espetacular! Estava a correr tudo bem, até que chegava ao final de cada mês e não recebia o devido vencimento… Acontece por vezes, quando se trata de projetos, o financiamento atrasar, e assim foi. Desesperada, cansada de sentir que adorava trabalhar na minha área, mas que tal não pagava contas, sempre a concorrer em todas as frentes, mais ou menos interessantes, não me escapavam muitas. Meses antes tinha concorrido aos estágios na função pública… Vindo de nenhures, surgem as listas desse concurso e eu estava lá! Havia duas vagas e eu era a terceira classificada! Perdi a esperança que momentaneamente tive para um novo rumo profissional na minha vida. Mas afinal a sorte chegou mesmo e o primeiro classificado já estava a trabalhar e eu ganhei o meu lugar! Aqui começou a minha jornada a 70km de casa - Câmara Municipal de Cascais. Fui viver para o concelho e lá trabalhei e fui feliz, durante 18 meses. Já não estou por Cascais, a vida pessoal e a profissional andavam em paralelo, não estava a ser possível cruzá-las e por isso optei por mudar-me. Contudo, hoje, estou a começar num sitio novo, mas completamente crente de que novas oportunidades profissionais surgirão no imediato, sem que para isso tenha que voltar a trabalhar sem vencimento (sempre fui otimista apesar de tudo)!
 
Não me esqueci por momento algum que este é um testemunho “inspirador”. Não quero de todo passar a mensagem de que, até se estar empregado/a tem que se trabalhar muito pro bono, até porque cada vez mais penso que, o trabalho qualificado a custo zero, não tem que fazer parte do caminho, a não ser que seja por opção. Contudo, creio que a busca incansável que fiz e o facto de chegar a algum lado que sentisse, “boa, finalmente”, pode ser inspirador. Sei que foi graças ao trabalho e experiência que fui acumulando, que consegui. E foi em Cascais que senti efetivamente “boa, finalmente”! Não só pelo trabalho em si, mas pelo o contexto, o ambiente profissional, a mudança, a oportunidade, as pessoas, pelo todo. Claro está que, a precariedade de grande parte dos vínculos de trabalho hoje, dificilmente permitem esse “boa, finalmente” de forma efetiva ou garantida, mas a capacidade de adaptação (mas não conformismo), as escolhas, atitudes, perspetivas e expectativas, podem ajudar. Não obstante não ter feito parte (ainda) das minhas estratégias, a criação do próprio emprego não deixa de ser uma alternativa plausível, a meu ver… Creio que o empreendedorismo e uns valentes “pozinhos" de algumas características pessoais podem ser determinantes ao longo do percurso! Hoje não vivo na ingenuidade de que todos têm lugar naquilo que escolhem fazer, mas acredito que a dedicação, esforço, persistência e profissionalismo, mais cedo ou mais tarde trazem frutos e um lugar ao sol.
 
Cláudia

Cascais Digital

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