Com moderação de Nuno Galopim, o tema “Sons de mudança - a música na definição da identidade” resultou num debate intenso entre João Afonso, Jacinto Lucas Pires, Ana Bacalhau e Capicua. Uma conversa de escritores no âmbito do FIC – Festival Internacional de Cultural.
Concerto-debate, esta Conversa de Escritores destacou-se das demais pelo facto de a intervenção dos oradores ser intercalada por temas musicais: poemas de Eduardo Agualusa na voz e guitarra de João Afonso.
Um debate entusiasmante que encheu o auditório do Centro Cultural de Cascais, centrando-se no impacto da música na sociedade, a influência da política e da economia na música e a música de intervenção e seus antecessores.
Capicua, rapper militante, conhecida pela sua escrita emotiva e politicamente engajada, abordou em particular o seu estilo e o poder do mesmo na sociedade: “o poder do hip-hop é documentar histórias de um país real. Através deste estilo musical qualquer puto de um bairro pode relatar a sua história e fazer parte da realidade do país”. Claro que há várias formas de chegar às pessoas, como acontece com as redes sociais que, na opinião de Capicua, “permitem partilhar música e informação sem intermediários”.
Defendendo que “as pessoas também devem ter um olhar crítico sobre a sociedade”, Ana Bacalhau, cantora a solo e vocalista da banda Deolinda, uma das mais interventivas do panorama nacional, considerou a sua música como “o reflexo do que nos rodeia”.
Já para o cineasta Jacinto Lucas Pires, hoje em dia “tudo é político”. Assumindo que “há censura, sobretudo económica”, o cineasta afirmou: “censura somos todos nós. Parte de nós a mudança”.
Num tempo de “medo e paranoia”, como referiu Capicua, a música de intervenção pode ser importante. Que o diga João Afonso, sobrinho de Zeca Afonso e dono de uma forte herança de música de intervenção, cuja presença fez a diferença no Centro Cultural de Cascais