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O 25 de abril de 1974 contado por quem o viveu

CABO JOSÉ ALVES DA COSTA

O seu anonimato foi mantido por mais de 40 anos, mas é um nome decisivo no conhecido desfecho da Revolução de 25 de Abril de 1974. Não porque estava na rua com os vencedores, mas porque algures entre o escrúpulo civil e um exercício flagrante de desobediência militar, o cabo apontador a bordo do Patton M47, escolheu não disparar contra a coluna de Salgueiro Maia nesse dia.

“O Alferes pelo rádio do jipe comunicou para os carros de combate: «Oh, Costa! olha que ninguém dá fogo sem minha ordem!». A potência de fogo daqueles carros era de tal ordem que dar fogo numa cidade era só de loucos!” – 7h horas da manhã do dia 25 de abril, Terreiro do Paço, Lisboa. 

O Alferes foi preso ali à vista de todos e veio um brigadeiro subir ao carro e que me disse: “Ou dás fogo ou levas um tiro na cabeça” e eu com os meus colegas fechamo-nos no carro blindado e espreitamos pelo periscópio. Avistei um mar de gente junto aos barcos cargueiros. Se tivesse cumprido a ordem do brigadeiro tinha destruído aquilo tudo e matado milhares de pessoas, incluindo militares”. 

“Se eu tivesse dado uma bujarda, os outros iriam dar dezenas, e aí seria uma desgraça autêntica. Fui criado para servir a Pátria, não para destruir. Assumo a responsabilidade da desobediência. Não sabia o que se estava a passar, mas era incapaz de atirar fosse contra quem fosse”. 

CORONEL ANTÒNIO ROSADO DA LUZ

O Coronel António Rosado da Luz foi um “Capitão de Abril” e próximo colaborador próximo de Otelo Saraiva de Carvalho. Com pouco mais de 25 anos cumpria, à época, serviço militar no Centro de Instrução de Artilharia Antiaérea de Costa de Cascais (CIAACC). Participou em todas as reuniões dos militares que conduziram à deposição do anterior regime.

Rosado da Luz considera que a reunião efetuada no atelier do Arquiteto Braula Reis, no centro de Cascais, foi determinante para o desenrolar do 25 de abril de 1974. “Essa reunião acelerou tudo”, recorda, sublinhando que estava tanta gente na reunião (197 oficiais) que temeu que o soalho de madeira do 1º andar do atelier abatesse. S.R.S.

“A seguir â reunião de Cascais tudo acelera. E dá-se o célebre beija-mão dos generais em que o Alto Comando todo, à exceção de 3 generais - os Oficiais Generais Spínola, o Costa Gomes e o Almirante Bagulho, foi apresentar-se ao Chefe de Governo, Marcelo Caetano, jurando a fidelidade das Forças Armadas à política ultramarina do governo. A primeira missão militar foi assim destituir aqueles generais que foram logo demitidos. A primeira ação militar no dia 25 de Abril foi capturar as Forças Armadas.”

Cascais Digital

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